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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Revolução Russa (1917)


Ao final do século XIX, a Rússia era um país agrário e dos mais atrasados da Europa. Seu governo tinha caráter violento e autoritário em que a pessoa do czar (imperador) se confundia com o Estado. A dinastia Romanov já estava no poder desde 1613.

80% da população russa da época era composta por camponeses e apenas uma pequena parcela era composta por nobres e privilegiados proprietários de terra. A grande massa era ignorante e analfabeta.

Este panorama começou a mudar quando países europeus passaram a instalar fábricas no país, o que fez surgir uma nova classe: a de operários. Esta classe enfrentava também uma situação de miséria, agravada pelo impedimento de toda e qualquer forma de reivindicação.


Em 1904, a Rússia enfrentou o Japão na Guerra Russo-Japonesa e chegou a um novo nível de deterioração interna. A derrota russa refletia a incapacidade e a corrupção da corte, que ignorava a miséria da população. O governo enfrentou durante essa época manifestações populares, greves e motins, a chamada Revolução de 1905, primeira experiência de luta de um povo habituado a baixos salários e sem nenhuma tradição de reivindicações.

A revolução, porém, foi violentamente reprimida pelas tropas do czar. Este episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.

A atitude do czar fez com que explodisse de vez ondas de agitações e protestos. O czar, pressionado, convocou uma Assembleia Legislativa, a Duma, que se assemelhou a uma manobra para ganhar tempo, uma vez que sendo controlada pelo czar jamais pôde ter poder efetivo.

Surgem nessa época sindicatos e partidos que se opunham ao czar, os sovietes, todos na ilegalidade.


Da nova oposição que surgia, merece destaque o Partido Operário Social Democrata dos Trabalhadores Russos, que rachou em duas alas:

Bolcheviques (maioria): Liderados por Lênin (seguidor das ideias de Marx), tinham propostas mais radicais, uma vez que desejavam uma revolução imediata e a implantação do Socialismo através da ditadura do proletariado.
Mencheviques (minoria): Propunha aliança com a burguesia para acelerar o desenvolvimento do capital russo para, então, implantar o Socialismo.

Em 1914, a Rússia dá entrada na Primeira Guerra Mundial, que se revelou um desastre para o país, incapaz de fazer frente às tropas alemãs e do Império Otomano. A inflação corroeu os salários, as empresas paralisaram, as colheitas e distribuição de alimentos desorganizaram-se. A Alemanha massacrava a Rússia e as greves e manifestações sacudiam o país, uma demonstração clara de que o regime havia perdido até sua característica mais forte: a capacidade repressiva. O exército se recusou ma reprimir as manifestações e o czar abdicou.


Obs: Percebam no mapa como a linha de frente da Rússia recuou conforme o andamento da guerra.

Instalou-se depois disso a República da Duma, sob presidência do Príncipe Lvov, representante da burguesia liberal. Lvov, porém, insistiu em manter a Rússia na guerra e, incapaz de dar uma resposta à altura das reivindicações, passou a reprimir os bolcheviques. Impopular, seu governo teve curta duração. Foi sucedido por Kerenski, que também nada mudou. Enquanto isso, os bolcheviques ganhavam popularidade com as Teses de Abril, que divulgava slogans como "todo poder aos sovietes" e "paz, pão e terra".

Em novembro do mesmo ano e sob comando de Trotsky, os bolcheviques tomam pontos estratégicos de Petrogrado, causando a fuga de Kerenski. O movimento foi denominado Revolução Bolchevique.


Lênin assumiu o poder e confiscou terras da aristocracia e da igreja, aboliu a propriedade privada dos meios de produção, colocou o comércio exterior/sistema financeiro sob controle do Estado e negociou a paz com a Alemanha no Tratado de Brest Litovski, que estabelecia a saída definitiva da Rússia na guerra a preços altos.

Porém, os bolcheviques, também conhecido como vermelhos, tinham uma oposição. Afinal, quais grupos estavam insatisfeitos com a ascensão bolchevique? Os mencheviques, a burguesia, os czaristas (ou monarquistas) e as potências da época, que queriam conter o avanço do comunismo. A oposição aos bolcheviques é denominada exército branco, sendo que este enfrentou o exército vermelho na guerra civil russa (1918-1921).

Após três anos de luta, as potências cansadas da guerra se retiraram e o exército branco perdeu força. Lênis venceu a preço alto: Sofreu com uma crise de abastecimento e desorganização da economia enquanto a população passava frio, fome e epidemias. Para reverter o quadro, era preciso abrandar as propostas:


Em 1921, Lênin instituiu a Nova Política Econômica (NEP), um sistema que mesclava princípios socialistas com princípios capitalistas com o objetivo de acabar com o que restava de economia feudal na Rússia. Lênin definiu a NEP como "um passo atrás para dar dois à frente". Entre as propostas da NEP estava a hierarquização dos salários e o agrupamento de fábricas estatais em grandes conglomerados, semelhantes a trustes (quando grandes empresas absorvem pequenos concorrentes e monopolizam a produção).

A Constituição foi modificada em 1923, quando foi criada a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Quanto à NEP, foi um sucesso. A produção agrícola e industrial cresceram e o comércio desenvolveu-se. Porém, com a morte de Lênin em 1924, houve uma disputa pelo poder entre Trotsky e Stalin, sendo que o primeiro defendia que a revolução socialista deveria se estender a outros países e o segundo defendia a construção do Socialismo em um só país, primeiro consolidando na Rússia para depois expandi-la.


Chegando ao poder em 1928, Stalin aboliu a NEP e aplicou os Planos Quinquenais, uma série de planos que lançava um gigantesco programa de investimentos na indústria.

Primeiro Plano Quinquenal (1928-1933): Investimentos na siderurgia e maquinaria pesada.
Segundo Plano Quinquenal (1933-1937): Construção de gigantescos complexos industriais e de um canal navegável entre os mares Báltico e Negro, além de um metrô em Moscou.
Terceiro Plano Quinquenal (1938-1943): Investimentos na indústria química, acabou interrompido devido à Segunda Guerra Mundial.

Após a guerra, dois novos planos reconstruíram a Rússia. Stalin viria a morrer em 1853, tendo sido uma figura muito controversa devido à perseguição sistemática aos seus opositores. O saldo de seu governo é de cerca de três milhões de mortos.

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